O exemplo de um proeminente líder do Força Jovem Europa que teve todos os motivos para não chegar à idade adulta
O paranaense Gelson Luís tem uma clara lembrança de sua infância. Nada agradável, por sinal.
Aos 4 anos de idade, ele brincava com um vizinho no quintal de casa. Era o “seu” Joaquim, um amigo querido a quem o menino chamava de avô. Era um dos momentos de alívio de uma criança com problemas de saúde que o atormentavam, como bronquite e mau funcionamento intestinal – que vez ou outra faziam seus pais o levarem correndo ao hospital em plena madrugada.
Certo dia, Gelson e Joaquim brincavam de agência bancária. Folhas de mandioca, à guisa de cédulas, eram “depositadas’ na “conta” do menino. O caixa de mentirinha era nada menos que a caixa do registro de energia elétrica da casa.
Nisso, chega o pai de Gelson. Vendo o filho introduzir objetos em um equipamento elétrico que oferecia riscos, não tentou explicar sobre o perigo. Pegou um pedaço de mangueira de borracha e deu uma sova no garoto, a ponto de deixar bolhas em sua pele. O homem só parou de bater porque a esposa interferiu.
Por mais que hoje o já adulto Gelson entenda o nervosismo do pai ao ver o filho tão perto do perigo, o acontecimento marcou grande parte de sua vida. Produziu no filho ódio e dor emocional.
A vida conjugal dos pais de Gelson estava bem longe de ser algo pacífico e saudável. Ainda assim, ele teve mais duas irmãs. O pai, mesmo quando não viajava a trabalho (na construção civil) e ficava semanas fora, não era presente para os seus. O tempo era dado aos amigos e à perdição.
Aos trancos e barrancos, a vida financeira da família era bastante instável. Épocas de fartura eram intercaladas a outras em que todos moravam em barracos improvisados em chão batido, sem nem mesmo um banheiro. As crianças iam à escola carregando o material em sacos plásticos de arroz. As roupas usadas que a mãe comprava em brechós não eram suficientes para agasalhar os filhos do frio.
Assim Gelson foi crescendo, cercado por pobreza e tristeza. Aos 13 anos, em certas ocasiões nem mesmo tinha um calçado. Chegava a ir descalço para as obras quando começou a acompanhar o pai no trabalho. Uma construção já é um lugar arriscado para quem usa botas e outros equipamentos de segurança. No caso de Gelson, o risco aumentava consideravelmente.
O pai ficava cada vez mais violento. Bêbado, muitas vezes até a mobília da casa servia de alvo para pancadas e até machadadas, assustando os filhos.
Foi também aos 13 que Gelson conheceu o álcool. Mesmo vendo o pai chegar bêbado da rua e dar seus escândalos, o jovem se entregou ao vício. Seguiram-se o cigarro, o jogo, as danças maliciosas... Podia até não haver dinheiro para comida, mas para os entorpecentes sempre havia um jeito. A família chegou ao ponto de depender de esmolas dos vizinhos para poder comer. Todos os bens da família iam embora, e foram mais uma vez morar em um barraco que não os protegia nem mesmo da chuva. O pouco dinheiro do pai ia para os caixas dos bares.
Gelson tentou ajudar no orçamento familiar como boia-fria, acordando de madrugada e enfrentando todos os riscos da atividade, como transporte precário e péssima alimentação – quando havia.
Isso tudo para, ao final da semana, receber o equivalente ao preço de 1 quilo de arroz, 1 de feijão e meio frango. Mesmo sabendo que aquilo era Quase nada, o jovem ficava um pouco menos infeliz ao saber que a mãe e as irmãs não iriam para a cama ao final do dia de barriga vazia.
Isso tudo, e Gelson ainda estava com 13 anos...
Foi exatamente quando teve seu primeiro emprego, o de serralheiro.
Gelson crescia e ia se tornando cada vez mais parecido com o pai, a quem acompanhava em carteados e bebedeiras. Num dia, o pai saiu do jogo de cartas com o filho e os amigos e foi para casa. Gelson continuou a jogar e a beber escandalosamente. À tardinha, completamente embriagado, foi para casa e enfrentou o pai, que brigava com a esposa. Não fosse a mãe e um amigo que chegava àquela hora para visitá-lo, poderia ter acontecido uma tragédia. Gelson, de tão fora de si, deu um soco na porta da cozinha e abriu nela um buraco.
A confusão foi tanta, que um vizinho apareceu com uma arma. Vendo o pai tentar pegar o próprio filho com um pedaço de vergalhão, o vizinho ameaçou o chefe da família. Nisso, outro vizinho, também armado, apareceu e piorou a situação, pois o pai de Gelson continuava a enfrentá-los.
Felizmente, o “deixa disso” venceu.
Mas a família perdeu. Todos começaram a se distanciar...
Gelson não chegou ao 4º ano do primário (equivalente ao atual 3º do ensino fundamental). Largou a escola e se entregou mais ainda aos vícios, que seu salário era pouco para sustentar. Pior ainda, começou a frequentar gangues violentas. Nunca chegava a se relacionar direito com uma moça de bem.
Quase foi morto por gangues rivais. Até tiroteios presenciou. Só que, depois do nervosismo, aquilo parecia divertido.
Tornou-se segurança em uma discoteca, na qual sempre enfrentava confusões. Ouvia vozes internas, não tinha paz. A mãe e as irmãs estavam cada vez mais doentes.
A irmã mais velha acordava assustada com as mãos apertando o próprio pescoço de madrugada. Com 13 anos, a garota tinha apenas 30 quilos. Os médicos não sabiam o motivo de tamanha magreza. A irmã menor vivia em crises de bronquite. A mãe, desesperada, recorreu a feiticeiros, mas tudo só piorou. Depois foi atrás de seitas evangélicas. Nada. Tudo para pior.
Finalmente, ela chegou à Universal. Gelson estava, então, com 18 anos.
Finalmente, para frente
Gelson e as irmãs passaram a acompanhar a mãe nas reuniões da IURD, e o jovem viu um novo sentido para a sua vida, após tanta desgraça.
Desenvolveu-se num ritmo tão bom que, 2 anos depois, foi levantado a pastor auxiliar. Passou a dedicar-se em tempo integral à Obra de Deus.
Dedicou-se a um trabalho de inclusão social e espiritual para os jovens paranaenses em sete cidades. Podia mostrar um caminho diferente do que ele tinha seguido na juventude àqueles garotos e garotas.
Transferido para o estado vizinho de Santa Catarina, fundou a Associação Beneficente Movimento Jovem Cidadão, a ABMJC, que presidiu nos primeiros 2 anos. Por meio dos esportes, da cultura e
da educação, ajudou a formar o caráter de catarinenses que até hoje agradecem por aqueles primeiros passos.
Além-mar
Gelson recebeu mais uma missão em seu caminho ascendente na Obra de Deus. Foi para Portugal. Lá, em 2010, fundou a Associação Consciência Jovem, que desenvolve projetos de ressocialização da juventude em suas comunidades. De lá para cá, elaborou a revista Conexão Jovem, dirigiu o longa-metragem “A Escolha”, a ser lançado em 2013, e é um proeminente dirigente do Força Jovem Europa. Tudo isso com Anita sempre a seu lado.
Hoje, Gelson é responsável pelo trabalho da Universal com os jovens em 18 países, alguns deles sacudidos por crises econômicas que os desestabilizam e maltratam seus habitantes, e outros volta e meia envolvidos em conflitos armados: Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Romênia, Ucrânia, Letônia, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Suíça, Rússia, Moldávia, Luxemburgo, Cabo Verde e Israel.
Pela rádio e pela televisão, fala da Palavra de Deus em programas como o “Show Time”, que ao mesmo tempo estimula nos jovens o talento nas artes e revela virtudes que podem contribuir para melhorar suas vidas.
Gelson é um grande realizador. Optando pela Obra de Deus, sua própria vida foi restaurada, sua família vive em paz e as bênçãos são cada vez mais presentes para ele e para os que o veem e ouvem.
Ele é mais um exemplo de como a verdadeira entrega a Deus proporciona uma existência real, e não apenas um arremedo de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário